O ano de 2022 tem sido um misto de esperança e apreensão.
Esperança por alguns motivos. Primeiro, porque finalmente iniciamos um ano letivo com aulas presenciais. Segundo, porque apesar das inúmeras dificuldades, dois fatos nos mostram um movimento da Secretaria Municipal de Educação em direção à valorização do desempenho acadêmico dos alunos:
1. Alinhamento bem feito entre as avaliações aplicadas aos alunos, os materiais desenvolvidos para os professores e o currículo carioca (documento que atende a Base Nacional Comum Curricular e que define as habilidades e competências que devem ser alcançadas ao longo de cada ano escolar);
2. O lançamento do GRA (programa de Gestão para Resultados de Aprendizagem) que, dentre outras iniciativas, vai colocar em prática na rede municipal os agentes de acompanhamento, profissionais que visitarão todas as escolas regularmente para apoiar os gestores escolares no planejamento e execução de suas atividades. Esses profissionais estão em fase de seleção. Outra iniciativa interessante foi a estipulação de metas para o ano, com premiação em dinheiro para as equipes escolares que as atingirem.
Por outro lado, estamos apreensivos. Ao já esperado aumento na defasagem de aprendizado após 2 anos de escolas fechadas, soma-se a dificuldade de reinserção dos alunos ao ambiente escolar e as questões emocionais envolvidas. Imagine um aluno que chega ao 3º ano sem nunca ter pegado em livros ou ter contato com os colegas.
Mas a preocupação não se limita às crianças. A falta de professores segue sendo um dos principais entraves para evolução do desempenho dos alunos. Apenas nas nossas escolas, que possuem hoje 341 profissionais, são 24 posições não ocupadas para professores e 2 para coordenadores pedagógicos, além de outros 40 em licenças médicas. A ausência de professores sobrecarrega os diretores e coordenadores que precisam substituí-los em sala, prejudica a continuidade e qualidade da aula, além de comprometer o tempo de planejamento e formação continuada de todos os professores, momentos esses cruciais para o desenvolvimento de uma equipe escolar.
Apesar do cenário adverso, quem não acredita em transformação não segue adiante. Portanto, aceitamos o desafio e aproveitamos para mostrar o quanto a educação é essencial e a escola insubstituível. Ao longo do 1º bimestre, além dos facilitadores, nossas coordenadoras pedagógicas e eu visitamos todas as nossas escolas. Estamos mais próximos da Secretaria e das CREs (Coordenadorias Regionais de Educação) onde atuamos, repensando nossas ações e construindo novas soluções para apoiá-los na missão de elevar o padrão de nossa Rede.
Esses desafios não nos desanimam. Pelo contrário, nos energizam. Assim como contar com o apoio e confiança de nossos patrocinadores, parceiros e pessoas que acreditam que é possível transformar a educação pública carioca.